12 fevereiro 2009

Gosto de ti em silêncio.




Gosto de ti calada porque estás como ausente
e me ouves de longe, e esta voz não te toca.
Parece que os teus olhos foram de ti voando
e parece que um beijo fechou a tua boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
tu emerges das coisas, cheia da alma minha.
Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma
e pareces-te com a palavra melancolia.

Gosto de ti calada e estás como distante.
E estás como queixando-te, borboleta em arrulho.
E ouves-me de longe, e esta voz não te alcança:
Vais deixar que eu me cale com o silêncio teu.

Vais deixar que eu te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão simples.

Gosto de ti calada porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se houvesses morrido.
Uma palavra então, um teu sorriso bastam.
E estou alegre, alegre porque não é verdade.

Pablo Neruda

(IC - a que espera que alguem se cale com o silencio meu e que me fale com o meu silencio)

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3 Comments:

At 5:35 da tarde, Blogger impulsos said...

Sim, o silêncio também se diz nas palavras de quem o sente e o solta de si... assim, tão simplesmente...

Beijinho

 
At 9:20 da tarde, Blogger O Profeta said...

Construí um abrigo no deserto da emoção
Os vales são as ruas de um Deus
Fecha-se a alegria da terra
Um último olhar de amor, solto dos olhos teus

Na noite tudo se perde
Mora a sombra, o desvario
A indomável vontade do amor
Tem a força de um Rio


Bom domingo


Mágico beijo

 
At 11:13 da tarde, Blogger Vicente Peixoto Rodrigues said...

Caríssima Inês, três anos passados agradeço o teu comentário. Perdoa este pobre infeliz pelos três anos. Ainda haveremos de encontrar uma desculpa para a situação. Prometo!

Mil desculpas, Vicente Peixoto Rodrigues, o tal blog de há três anos que a menina comentou.

 

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