31 março 2008

Saudades!


Saudades!

Sim... Talvez...

E porque não?...

Se o nosso sonho foi tão alto e forte

Que bem pensara vê-lo até à morte

Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?

... Ah! Como é vão!

Que tudo isso,

Amor, nos não importe.

Se ele deixou beleza que conforte

Deve-nos ser sagrado como pão!
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,

Para mais doidamente me lembrar,

Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:

Quanto menos quisesse recordar

Mais a saudade andasse presa a mim!


Florbela Espanca

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